Eis uma coisa que o leitor deve sempre evitar tentar explicar. Mas pode desejar ficar com duas coisas claras desde o início.
Em primeiro lugar, a filosofia não é um assunto — é uma atividade. Consequentemente, não se estuda: faz-se. É assim que os filósofos, pelo menos os da tradição anglo-saxônica (que por qualquer razão histórica obscura parecem incluir os finlandeses), têm tendência para pôr a coisa. Em segundo lugar, a filosofia é em grande parte uma questão de análise conceptual — ou seja, pensar sobre o pensamento. Por agora, limitemo-nos ao mais básico.
Em primeiro lugar, a filosofia não é um assunto — é uma atividade. Consequentemente, não se estuda: faz-se. É assim que os filósofos, pelo menos os da tradição anglo-saxônica (que por qualquer razão histórica obscura parecem incluir os finlandeses), têm tendência para pôr a coisa. Em segundo lugar, a filosofia é em grande parte uma questão de análise conceptual — ou seja, pensar sobre o pensamento. Por agora, limitemo-nos ao mais básico.
Isto é algo que no sentir de alguns filósofos é impossível, mas não há razão para o leitor lhes seguir o exemplo. Para o visitante casual que observa rapidamente a paisagem, a filosofia parece desconcertantemente difícil. Uma das suas maiores dificuldades é o fato de os filósofos, salvo raras e honrosas exceções, acharem praticamente impossível usar uma linguagem compreensível para as pessoas comuns, como por exemplo o português. Acontece até que quando um filósofo quer referir-se à Pessoa Comum (uma espécie que é improvável que ele tenha conhecido em primeira mão, apesar de poder ter ouvido lendas de viajantes acerca dela), usa a expressão “o homem que apanha a carreira 45 para a Damaia”, aparentemente sem se dar conta de que já ninguém usa a palavra “carreira”, exceto para referir o percurso vicioso dos políticos, nem que a Damaia já não é também o exemplo ideal da mediocridade suburbana lisboeta.
A sua tarefa, portanto, é alcançar pelo menos uma tênue compreensão do mais profundo alcance do vocabulário técnico, tal como é usado, de forma tão enigmática, pelo filósofo contemporâneo. Não se preocupe. A competência linguística, tal como o segundo Wittgenstein teria dito (que não deve confundir-se, é claro, com o primeiro Wittgenstein, que não diria tal), é uma questão de pôr as palavras na ordem certa. O leitor não terá realmente de compreender que quer dizer a maior parte disto, se é que quer dizer alguma coisa.
autor: Jim Hankinson
tradução: Desidério Murcho
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